sábado, 31 de janeiro de 2009

Campo


O verde luminoso
que a sílaba me empresta
cheira a flores campestres
e é húmido
e tórrido
e lembra-me
o encanto do regresso
e das mãos cheias de tudo
e eu levo-o comigo
nos momentos
que me vestem.


Foto: Viajantis

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Até casa


Faz falta cantar
todas as palavras
do poema
que te escrevi
naquela tarde
azul e mansa de Verão
e faz falta encantar
as flores
de todos os lugares
agora que a Primavera
renasceu
e eu subo
o caminho íngreme
até casa...


Foto: Viajantis

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Pranto


Sendo que o silêncio
é avassalador
mas não mata,
porque consome assim
o desabrochar
inato do poema
e porque não matando
não transpõe o limite
e só se eterniza
nesta tão cansada
voz de pranto?!


Foto: Viajantis

domingo, 25 de janeiro de 2009

Vou amar-te


Vou amar-te como se fosse
possível dentro
de uma redoma
revolver o ar
de encontro às paredes
e vou amar-te assim
como se não fosse
possível fora
das paredes
a redoma e o ar
numa revolução
inerente.


Obrigada meu querido António
por mais esta beleza que pintaste!.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Dilema


O dilema simples
de estar e não estar
é de facto um dilema
incontornável
e porque ao estar
não estou
e estando posso estar...


Foto: Mário G.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Exaustivamente


Vou dizendo e afirmo
que os sonhos têm
que existir
e que os devemos
perseguir
até à exaustão
e eles hão-de
concretizar
inesquecivelmente
a vida
na tangente
da alma.


Mais um quadro do meu Amigo António com as minhas palavras.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Até ao limite


Serenamente
envolvida pelo vento
parto num corcel
e do ar anil
a mágica densidade
sulca os meus sentidos
até ao limite
da velocidade
tempestuosa
de um momento.


Foto: Viajantis

sábado, 17 de janeiro de 2009

O beijo


De um beijo
estilhaça-me no ar
esta melancolia
em combate
e traz-me as flores
amarelas sobreviventes
do dia seguinte
como se hoje
já terminasse...


O meu querido Amigo António Santos pintou e intitulou este quadro ao qual eu acrescentei as minhas palavras.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Aqui


Acredito que o tempo
é o tempo de estar aqui,
uma leve aragem rosa
e o perfume das flores,
o profundo olfacto
da manhã
e o tacto inatingível
do outro tempo,
acredito que este
é o tempo
de voar aqui,
de ir hoje em silêncio
nas asas inquebráveis
do futuro...


Foto: Viajantis

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O sinal


O sinal perfeito
de uma inacabada
frase
pontua de vírgulas
um anónimo subtil
sentimento
de alvorada
e mansamente
da nuvem branca
solta-se
o exequível
formato poético
do sol.


Foto: Viajantis

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Por enquanto...


Habito aqui.

Neste ponto mínimo.

O mar perto
e a serra também.

Habito aqui longe de tudo
e perto de nada.

Que se esqueçam.


Foto: Gustavo Lebreiro

domingo, 11 de janeiro de 2009

Tanto azul


Gosto de azul
e assim é a minha memória
mesclada de verde água
com um toque branco
de folhas não escritas
gosto de azul
e azul é o meu estar
junto ao mar
permanente ensejo
de todos os regressos.

Azul é a vida
e azul ainda é a tua voz.


Foto: Viajantis

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Verdices e pinceladas


O quadro pendurado
na parede do quarto
toma forma e sai da tela
mexendo-se ao teu ritmo
pintado de verdes
é o mar que se verte
na minha bebedeira
de ti...


O título e o quadro são do meu querido Amigo António Ferreira Santos. O poema é meu.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

és fácil - és difícil de Carlos Peres Feio


Peço desculpa ao Carlos Peres Feio por lhe ter surripado discretamente (como é meu apanágio), um poema e um desenho seus, em jeito de homenagem pelo seu aniversário no passado dia 2.

pelas letras te conheço
nas imagens te completas
enches-me a cabeça
com o que me adoça a vida

passaste a ser o molde
do meu novo formato
esqueci o que era dantes
olho para mim
através dos teus olhos

sei que me proteges
e em mim soltas
o doce pássaro
da juventude
é difícil conter-te nos versos
é fácil amar-te

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Destroços


Antigamente
os verbos
eram conjugados
no futuro,
todos os sonhos
seriam concretos,
mas mais tarde
os verbos
já não se conjugam,
eles desaparecem
e vão desaguar
muito longe,
onde o futuro
não existe mais.


Foto: Viajantis

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Norte


A propósito
lembro-me
de palavras difíceis
de pronunciar
e propositadamente
este é o acaso
convocado
para esta noite
de Primavera.


Foto: Viajantis

sábado, 3 de janeiro de 2009

O cisne


Entre irmãos
sulca com suavidade
as águas do lago
e desliza
a brancura
solene da beleza.

Cisne delicado
em porte altivo,
dominador
é a doçura
imaculada
de um reflexo
de liberdade...


Foto cedida pelo meu Amigo Osvaldo

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Sabes?!


Sabes que o silêncio
me perturba
quando não o procuro
e ele se instala
longas horas?!

Sabes que o silêncio
me magoa
quando não o procuro
e ele se instala
longos dias?!

Sabes que o silêncio
me cansa
quando não o procuro
e ele se instala
longos anos?!

E sabes que o silêncio
me desafia
quando o procuro
e ele se instala
por toda a vida?!


Foto: Viajantis