segunda-feira, 28 de março de 2011

Reencontro

Chove pedra.
A pedra dissolve-se
na calçada.
Eu desapareço
em lapsos
como uma desmarcação
de não vida:
e fico pó
e adormeço de novo
no seio quente
de minha mãe.
Sou chuva.
Um reencontro de amor.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Átomo

Não sei representar
o voo das gaivotas
nem o barulho do mar bravo
- aqui à minha beira -
sumptuoso e alucinante
como a majestosa
inevitabilidade
de um átomo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Anseio breve

Do teu sorriso
guardo a fome
que não saciei;
das tuas palavras
não guardo
o significado,
por não o entender.

Guardo - se quiser -
a liberdade de ser eu,
nas dúvidas que não exibi;
porque na voz
do teu sorriso,
perdi - mais uma vez -
a luz que sempre anseio.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Fala-me de amor

Fala-me de amor ao som deste mar calmo, na música não apercebida, na carícia que desejamos.
Fala-me de amor mesmo que não façam sentido as palavras levadas pela maré, elas entranham-se mesmo assim, no tacto que os dedos libertam.
Fala-me de amor como se nada fosse, sem importância - que interessa isso - se o sol diz bom dia.
Fala-me de amor a qualquer hora.