sábado, 31 de maio de 2008

Antigo

Saltitamos de palavra em palavra
como pássaros de ramo em ramo,
livres
rumo ao rumo de querer,
saltitamos livres de beijo em beijo,
ao som de uma velha grafonola...


Porque todos merecemos ser felizes.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Calor


Gosto de te amar
neste silêncio meu,
o desejo é tão intenso
e tão real
que te sinto aqui,
já a maré vazou
e eu espero
numa doce melancolia,
o calor da tua voz,
nos poemas teus
que segredas hoje para mim,
no silêncio meu
de te amar assim.


Foto de Gustavo Lebreiro.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Luta

Escaldava o alentejo
naquele ano e o final de semana
convidava o ar fresco
a entrar no quarto enorme
no breve amor iniciado,
(era o tempo errado)
fogo fátuo do sexo,
as entranhas revolvidas
de incapacidade
e a perdida luta
à partida de nós.


A quem me esqueceu.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Aguarela



Abri teu coração
compasso, aguarela morango,
máquina infernal,
fogo lento, combustão,
arrepio
e do campo nasceu um lírio
onde o teu coração aberto
gritou à vida
a descoberta
das minhas mãos ansiosas.


Foto de Gustavo Lebreiro.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Rio

Ventre fecundo da palavra
pausa ritmo ou vasto poema
loucura do anoitecer
verbos gritantes,
cume do monte
pela encosta vale profundo
e o rio sempre correndo
como eu e tu num ermo
em ti por mim amor.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Quando a minha noite for a tua


Recoloco o poema que precisamente há dois anos escrevi no meu blog de então, que recebeu o teu último comentário e a última música escolhida por ti, para o acompanhar.
Enquanto eu tiver memória estás sempre presente aqui.
Beijo-te, Padrinho.

Que o breve fim
seja o fim breve
de todas as angústias
e medos
uma injecção letal
que me adormeça
enquanto soletro
o que guardo em mim
sorrisos de criança
que numa roda a cantar
me levam à fronteira
do fim breve
breve fim
infinito
nos teus braços
atinjo
as angústias e todos os medos
sobrevivo
as palavras moribundas
gastas usadas
sem nenhum valor.


Foto de Gustavo Lebreiro

quinta-feira, 22 de maio de 2008

'Por cada olhar um poema'

Tinha escrito para a Noite Com Poemas na Biblioteca de S.Domingos de Rana, mas não me foi possível ir lá, lê-lo. O tema era o título.


Olhares em poesia
afectos consumados,
pelas palavras escondidas,
poesia no teu olhar
que a manhã anoitece,
e o poema se faz tarde
na tua boca, ao dizê-lo.

Um poema, um olhar,
a beleza quotidiana,
a íris solta no aparo da caneta,
a lágrima prestes a soltar-se,
na página virgem
do olhar do poeta.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Destino

Falas-me do destino
(consulto o dicionário)
divindade filha do Caos
e da Noite,
fatal necessidade
estóica, fado,
sorte, intenção,
propósito ou rumo,
tão próximas as palavras
tão vagos os destinos...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Círculo


Rodeei-me do círculo
vermelho fogo ardente
e deixei que as ondas
molhassem o meu corpo
inerte já a noite dormia.

Intenso cheiro a pétalas
acordou a minha letargia
soletrando os sons
da esperança de um novo
círculo vermelho ardente
de sexo fogo...


Foto de Gustavo Lebreiro.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Pela manhã

Hoje prendi o vento
nas pontas dos meus cabelos
no rasgar intempestivo
da luz da manhã
preso o vento solto
nas mãos qual carícia
desejada, amanheceu
esta pressa de vento
que prendi hoje
no teu olhar semi adormecido
embalo dos teus sentidos
à espera de mim oculto.

domingo, 18 de maio de 2008

Fulminante

Um relâmpago fulminante
acompanhou os gestos
e o teu sorriso carinhoso,
ao longo da noite,
através do timbre apaixonante
da tua poesia,
na tua voz cálida, amante.

Fulminante...
foi a tua luz sobre mim!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Em 'e' s

Encontro de letras vincadas
em papel húmido,
espécie elíptica
erro de eros,
engolido pela maré viva
estuário esgotado,
eufemismo incapaz
é eterna a fuga,
estereotipada frase
evanescente poesia.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sem título

O tempo virgem das flores
marca a passagem tempestusoa
silábica
e sintomática
de inclementes desejos
verbos poderosos
desenfreada paixão
a posse impossível
de todos os possíveis
tempos,
quando se casam
as sílabas
na diagonal da tua boca.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Pelo caminho

Porque me extasio sempre que leio o meu Amigo Vieira Calado deixo aqui um poema do seu livro Transparências, da AJEA Edições - 1999, página 53. Um Poeta que merece ser lido e apreciado.

Pelo caminho
deixo
o destino:

cores de mil cores
paixões
amores

que florescem
voam
arrefecem

e que no fim

fazem o pó
do universo

e de mim.

domingo, 11 de maio de 2008

Fugaz

Rubra a saudade viva
de tempos imemoriais
dentro do peito
rasgado por mil sons
inatingíveis,
mil vozes perpetuando
o tempo feliz
das palavras mansas,
as flores desabrochando
em mil tons primaveris
rubros de desejos,
delírios e folhas brancas
no verde intenso,
um pensamento fugidio...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Contra

Contrafeito a contragosto
em contramão, em contraponto
contrabaixo e contralto,
contradito a contraluz
é a contrapartida contraposta
naquilo que ele se traduz.

Contrasenso comum,
contraverte em contravolta
a fina poeira contra-ataque,
contracurva da revolta.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Pressuposto

Dedico estas palavras a alguém que a blogosfera me permitiu conhecer...

De ti recebo o gesto escrito
da sensibilidade pura,
em ti leio as mais belas
sonatas de amor sublime,
por ti passeio a minha voz
embriagada, de leitos vivos
e sensualidade encontrada,
em versos felizes de chegada.

Até ti elevo o sentimento
que escolho entre outros,
contigo amacio o som amargo
das canções que esqueço,
sem ti perco o sentido
de estar ausente,
para ti escrevo não querendo,
o que quero sentir agora,
entre um som e uma estrela.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Que é feito do vento?

Que é feito do vento
que humedece teus cabelos
de prazer e luxúria
e faz da terra do caminho
o barro dos teus pés?

Que é feito da água do mar
que arrepia as tuas mãos
e torna o teu silêncio
na secura suprema do deserto?

Que é feito do sonho bom
do dia presente nos teus lábios
trémulos
e faz do teu olhar salgado
um vago devaneio de saudade?

Que é feito de ti mulher ausente
de cabelos em desalinho
e mãos arrepiadas
lábios sensuais
e de verde
feito olhar de água doce?

Que destino te traz aqui
e que forma toma
teu corpo
no sonho/morte de mim?

Que é feito do futuro?
Que é feito de ti mulher?

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Noites de Poesia em Vermoim - Pensamentos

Amanhã, dia 3 de Maio realiza-se mais uma Noite de Poesia em Vermoim,na qual não poderei estar presente.
Desta vez, o meu poema subordinado ao tema 'Pensamentos' está publicado no programa a ser distribuído nessa noite, o que muito me sensibiliza.

E eu escrevi:

A ideia presente
no pensamento mal delineado
de uma vida por viver
sob o sol que aquece
sobre o mar que evoca
pensamentos e pensamentos
de amor e solidão.

São pensamentos banais
de um qualquer mortal
nas palavras e no esgar
desiludido de pensar.

Deixo a calma do vento
que agora me abraça
tão lento, tão calmo
tal é este o pensamento...

E agradeço a amizade do meu amigo José Gomes.