terça-feira, 24 de agosto de 2010

Palavras verdes

As palavras ditas,
escritas, sonhadas,
partilhadas; são as palavras:
batem-se por um lugar
e o lugar não existe.

As palavras desfeitas,
feitas e refeitas
são só isso: palavras.
sentem-se, vivem-se
ou partem num abraço
sem foz.

Nós sentimos as palavras:
têm – por vezes - a luz do mar
e um verde simples – sempre -
de saudade.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Chamar-te

Quando chamar-te
é o cheiro inesquecível
da maresia,
a voz sussurrante
de uma declaração de amor
e - ainda - a permanente
ousadia de te acompanhar;
chamar-te é o desespero
de não te conhecer
e de saber de ti
(algures perdido).

Quando não chamar-te
me equaciona
a imaginação e a proverbial
carta que não sei escrever:
será esta a chama redutora
do futuro?


Fevereiro de 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O teu rio

É tarde.
Escurece.

Hoje já deixei uma palavra
no teu rio.
A memória levou-me até aí:
a água azul, transparente e refrescante
convidou-me a ficar.

Este é o nosso reencontro:
breve e doce do tempo que não restou.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Eco

Canto amor o que dos
meus lábios não sai.
Música? Talvez.

Canto amor: o silêncio precoce
do eco;
a futura saudade de nada.
Triste, aventurada manhã
por nascer.

São aqui os meus braços;
a minha volta de mim.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ao longo do rio
revejo-me na frescura da água;
as montanhas emudecem
o eco que me falta
percorrer.
É a água pura e doce
que refresca o ar
que nos envolve - agora -
por dentro de nós;
esta água - de tão límpida -
transforma a ideia:
penso em voltar.
Já.