segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Dois mil e sete...

Para mim, este ano que acaba hoje, ficou marcado em Junho, pelo nascimento do meu quinto neto.

Ficou marcado, também, pela aprendizagem que fiz, no que toca a desdramatizar e relativizar o que acontece.

E...

Deixo as marcas
duma passagem
breve mas intensa
(como todas as paixões)
como viver é possível
e, as marcas
ficam eternas,
indeléveis,
neste abraço
com que percorro
a tua melancolia,
até ao final
do meu princípio...

domingo, 30 de dezembro de 2007

Este mar

Trago comigo
as ondas do teu peito
e o mar do teu olhar,
denso e náufrago
deste amor meu.

Levo comigo,
onde quer que eu vá,
a doce lembrança
e a profunda alegria
dos beijos nossos,
que partilhamos
quando vens ao meu encontro...

Silenciosamente
as palavras são ditas
e, porque as ouvimos
somos então, felizes,
neste amor só nosso.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Lua

Sabes que volto
quando a lua ainda brilha,
porque não sei andar
na noite escura
e não sei ver o que quero.

Voltarei no brilho da lua
entre uma noite e outra,
entre um espasmo
e uma flor,
voltarei, tu sabes,
ao brilho do luar.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Novo dia

É o dia novo
que de novo se renova
e, em nova claridade
de novo se encontra,
bastando-se de novo
a uma nova verdade,
renovada em pleno
no novo dia...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Praia

Caminhando ao longo
da praia deserta,
a dimensão é mais deslumbrante,
mais perfeita,
mais aconchegante
e mais inteira.

Passeando sobre a espuma
sinto a água latejante,
menos desértica,
menos imperfeita
e menos solitária.

Percorro-me como há milhares de anos,
tocando-me os sentidos,
colocando-me imagens
límpidas de amor,
olhando-me pela primeira vez,
como a perfeição
de alguma praia deserta.

Caminho passeando o percurso,
como percorrendo o passeio
do caminho,
entre o mar e areia,
a espuma e a imensidão.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Este brilho

Como querendo deitar
a vida num leito
de esperança,
as palavras vão voando
no espaço encantado
de mil olhares
perplexos e vagos
e, derramam-se
na areia da minha praia,
humedecendo
clarões de madrugada
com o brilho da noite.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Claridade

Claramente
a transparência
clarifica em clareza
a clara nudez
e, em nus claramente
claros
vozes carentes
como transparentes
claridades...

sábado, 22 de dezembro de 2007

Felicidade

Muito teria a dizer
e a escrever...
calo-me e, por breves instantes
talvez,
algures, a felicidade
possa encontrar-nos...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Grávida

Grávida de sonhos
em momentos inesquecíveis
rebentando as águas
nas madrugadas
doridas e simples
de um sonho nascido.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Mulher


Que o tempo se mantenha
e te revejas nos caracóis louros
e nos olhos azuis
e possas perguntar
e obter as respostas,
que o tempo no desenho
seja o tempo
da permanência
e o sonho não seja vão
e que os olhos
questionem sempre
as respostas que ainda não tens.


O desenho é do António que me perdoe a ousadia de o publicar, sem autorização prévia...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Baú

Procuro nos confins
da memória a música
que gravada permanece
ainda
nos meus ouvidos
dentro de um enorme baú
de recordações.

Tristemente adormecido
a cinza que resta
abraça-me a todo o momento
e a cinza que me abraça
deixa-me a música
gravada para que eu
não a esqueça
jamais.


Porque sei que nos encontraremos um dia e que tu ainda lês o que escrevo, eu continuo a escrever...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Os ralos das piscinas


No blog da Flavia são relatados o perigo dos ralos das piscinas, o coma da menina e como a justiça é tão lenta.

A solidariedade da blogagem colectiva é uma chamada de atenção e uma força para a família.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Tourada


Hoje, mais que actual, fica o poema do José Carlos Ary dos Santos, escrito em finais de 1972 e interpretado por Fernando Tordo no Festival da Canção em 1973, ganhando o 1º prémio.

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro aos milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.


A foto que escolhi foi tirada do bitaites.org

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Art & Design

Quando a voz
se me embarga
não é o riso
é a ternura
que marca o momento.

As palavras calam-se
porque a voz não
consegue soar,
porque os gestos
tocam-me o coração.

Para a Isabel Filipe que me dedicou o post de hoje, com o poema que eu escrevi para Vermoim.
Um obrigada muito grande pela sensibilidade que ainda existe.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Escuto-te

Na paragem
de um tempo olvidado
não deixo de ouvir
o amanhecer
de um sorriso,
não deixo de ouvir
o silêncio
de uma voz.
Escuto-te...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Gosto de ti

Sabes que gosto de ti?
Já to disse?! Disse?
devo ter dito...
e tu não entendeste,
equivocaste-te
no dia e o dia
adormeceu
e a noite...

Sabes que eu gosto de ti
e que to disse
e que devo ter dito
e tu entendeste
e equivocaste-te
e naquele dia
em que eu te declarei
o quanto te amava
tu te perdeste
e na penumbra
inexistente
tu morreste
mais um pouco.

Não para mim. Isso não.
Eu gosto sempre de ti.

sábado, 8 de dezembro de 2007

CONVITE- I ANTOLOGIA DE POETAS LUSÓFONOS


A Folheto Edições & Design com a colaboração do Elos Clube de Leiria têm o prazer de convidar V.Exa. e Família para o lançamento do livro I Antologia de Poetas Lusófonos.

Com a participação de 81 Poetas de 9 Países e 244 Poemas, esta obra, com o objectivo de promover a Língua Portuguesa, será apresentada por Arménio Vasconcelos, Presidente do Elos Clube de Leiria, e Adélio Amaro, Coordenador Editorial.

A sessão de apresentação terá lugar no Auditório da Região de Turismo Leiria/Fátima, Leiria, Portugal, no dia 15 de Dezembro de 2007, pelas 16 horas.

Haverá um momento de poesia com a participação de vários poetas e ainda um momento musical com composições e direcção do Maestro Vicente Narciso e vozes de Dina Malheiros, Genealda Sousa e Lucília Narciso.

Resta-me informar de que faço parte desta Antologia, com 5 poemas.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Uma história

Posso ser os olhos
os ouvidos a boca
e o olfacto
a mão que escreve
e tactear
e transmitir a outros
uma felicidade
que eu própria
talvez não consiga
sentir mais...

Porque colocaste um magnífico post, António,ontem dia 6, com o título 'Dá que pensar!', te dedico estas palavras.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Delírio

Não existe limite
à imaginação
delirante
o tempo é exíguo
mas os sonhos
prosseguem
a sua marcha
inesgotável
abrindo brechas
no fantástico.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Noite de Poesia em Vermoim

No passado sábado, dia 1, mais uma Noite de Poesia em Vermoim, onde ainda não pude estar presente.
O tema foi É Sempre Natal No Peito e o José Gomes teve a gentileza de ler as palavras que eu enviei, o que lhe agradeço com um grande abraço de Amizade.

SEMPRE
De braços abertos
as mãos voltadas
para o Natal
que no peito
sempre permanece.

De mãos abertas
coração sorrindo
para que no peito
o Natal sempre
inspire a nossa voz.

De coração aberto
lágrimas e sorrisos
tempos de festejar
o poder ser sempre
Natal no nosso peito.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Barro

De barro
e o molde perfeito
figuras minuciosas
de vários vagares
enquanto
(os pés não desmoronam)
a história faz-se
conta-se e reconta-se
e o barro endurece
e num entretanto
desfaz-se
e o pó cheira o acre
de pesadelo
e desmorona-se
perdida a forma.

Petição em prol das crianças vítimas de abusos

No blog da Isabel encontra-se a petição para ser assinada.
Já estão 793 assinaturas.
Conto com as vossas.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Sonhos

Quando sonho
os sonhos
que não durmo
acordada sonho
os sonhos
e quando adormecida
sonho que os sonhos
são os sonhos
que sonho
e durmo
e acordo
e não acordo
e não durmo
quando sonho
os sonhos
e acordada
sonho que sonhos são.