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Diz-me que o beijo
exprime toda a essência
viva e profunda da manhã
e diz-me que me queres
assim planalto e mar
dunas e luz
diz-me do beijo
que sentes de mim.Foto: Thiago G.
Hoje dançam todos os pássaros
e cantam todas as flores,
o mar rejubila
e a lua precipita-se na noite,
hoje é o dia de o coração
se alegrar e dar vivas,
é o dia de estar
e sentir-te em júbilo,
hoje é o dia de festa
e a festa é amar-te...Foto: Viajantis
Se te falar de amor
despida de palavras
que me dirás
da ousadia com que me visto?
Que pensarás
da minha nudez eufórica
ou da metáfora
com que cubro
o âmago de todas as questões?
Talvez te surpreendas
e te cales indeciso,
enquanto folheias
mais que distraído
o jornal desportivo.
Quando me souberes ler
poro a poro,
eu continuarei a falar-te amor,
mas com palavras vestidas
e entrelaçadas,
e só as despirei quando tu
quiseres estar presente,
num rasgo de loucura
tacteando o amor nu...Foto: Viajantis
Hoje desenho um barco
porque me apetece navegar,
mais logo desenho um pássaro
porque me apetece voar
e logo, logo eu desenho um sol
porque me apetece aquecer
e ser a luz deste lado,
quando eu desenho
riscos e riscos, arabescos e sinais
então apetece-me sonhar,
deambular por aí
e perder-me nas pétalas
irisadas de um poema de amor.Foto que não parece... mas tem tudo a ver: Maria Clarinda
Crava no meu peito a ilusão
rainha do meu poema
razão de uma vida
beija e trinca e agradece
eu ser só eu
musa e fantasia
loucura e esperança
e ganha-me todas as flores
que me apetecem.
Devora-me.
Porque eu, lúcida, te amo.Foto: Maria Clarinda
Possivelmente,
alonguei-me um pouco na ideia descabida
de trazer para mim
os livros roubados daquela casa.
A ideia parece genial,
fundamental,
mas quando me alongo nela
e a viro ao contrário
já não me apetece
roubar os livros.
Que só têm capa ilustrada
e lá dentro
estão vazios e cinzentos.
E são invisíveis
as palavras.
Era uma ideia comportamental
e sóbria
mas ao alongá-la demais
só semeei ruínas.Foto: Maria Clarinda.
Obrigada Maria, pelo teu toque magistral!.
Jamais te direi
o que me passa pela cabeça
porque se trata
de um segredo
e os segredos
não se revelam.
Jamais te contarei
das horas e dos anos
que me passam pelo corpo
porque os segredos
guardam-se.
Jamais te falarei
do silêncio,
porque os silêncios
são sonhos
e os sonhos são segredos
e os segredos
não se dizem.
Jamais direi sim
ou não...
porque existem coisas
que se perdem
e que são segredos
e os segredos não morrem.Foto: Maria Clarinda
Deixa-me aninhar
no teu colo côncavo
onde eu te beijo a boca
e a saliva se entranha
nos poros de toda a paixão
líquida do momento.
Porque o teu colo é
um momento
e o meu momento
é o meu convexo de ti.Foto: Maria Clarinda
O vestido era amarelo
e tinha um laço também amarelo,
era bonito de se ver
e muito primaveril
no seu todo.
Pertence ao imaginário
eloquente e sensual
de uma vida de muitas vidas
e fica muito bem
no álbum de fotografias
que está arquivado
no armário do sótão,
cheio de pó e teias de aranha...
Já fizeste parte
de um diário decrépito
e engalfinhado
de amazonas,
arrivistas
e outras personagens
que tais.
Hoje, não pertences
a qualquer lugar
e o teu próprio diário
é a história acabada
de um pobre derrotado!Foto: Maria Clarinda
Este é o barco
que navega
muitos mares
longitudes
plenitudes
âmago
desânimo
alento
e esperança
este é o brando barco verde
que me sulca
me cruza
interpreta
e me devolve
ao cais.Foto: Mário Galante
Fico sem palavras quando a TMara anuncia o meu livro, quando a Odele anuncia o meu livro e transcreve um poema meu, quando a Inês Ramos anuncia o meu livro e transcreve o poema que dá o título ao mesmo, quando a Wind transcreve o poema de abertura do livro, quando o António anuncia o meu livro e grava alguns dos poemas, quando a Elisa Fardilha anuncia o meu livro e transcreve um dos poemas ou quando o José Gomes coloca um poema meu no programa da próxima Noite de Poesia em Vermoim, dia 4 de Abril às 19h30, cujo tema é Tempestade e que aqui segue:
Nasci em Abril.
Faltavam duas horas para terminar
aquele longo dia.
Nasci na tempestade
impetuosa e sofredora,
em mãos carinhosas
sob olhares angustiados
de sofrimento.
Sobrevivemos, eu e a minha Mãe,
adormecida,
e ao nascer intempestiva
trouxe comigo
a tempestade
palpável
do choro.
Era Abril e o calor fugia...Faltam-me as palavras...obrigada a vocês todos.
Pelo vento eu sossego
as ideias,
no vento eu trago
os ideais e para o vento
eu levo as minhas palavras,
sou um pássaro livre
que voa intrépido
e se desilude
e se alegra na vida.
Sem vento também voo
com estas asas de paixão adiada
e também me iludo
e cubro a intemporalidade
num grito de liberdade!Foto: Mário Galante